terça-feira, 13 de julho de 2010

HISTÓRIA DO FESTMAR: DÁ PRA RIR DÁ PRA CHORAR - Por Tinoco Luna


Quem me deu corda pra contar um pouco da história do FESTMAR foi o amigo Marciano Ponciano... eu não ía contar não, mas como não posso negar um pedido do grande ator e diretor do Lua Cheia, exatamente no ano em que esse Grupo está fazendo 20 anos, lá vai: Luizim do Campo Verde deu um trupicão numa tora de pau que estava no canto errado, esfolou a cabeça do dedo grande e, ao ser jogado para frente se deparou com o auditório do São José lotado... Não teve jeito: a vontade era dizer um palavrão, mas dando uma demonstração de compromisso com a arte, se conteve e saudou a todos: Boa noite senhores e senhoras! ....e a plateia ávida por teatro respondeu em côro: Boa noite!... Assim começava o I FESTMAR. Vivíamos o ano da graça de 1999; não era o tempo em que os bichos falavam, mais como hoje, galinha ciscava para trás, urubu dava vôo rasante e o teatro não recebia, como ainda não recebe, a devida atenção e respeito das autoridades.
O FESTMAR - Festival de Teatro de Rua do Movimento de Agitação e Resistência da Cultura Popular, como diz o próprio nome, foi concebido desde sua primeira edição em 1999, para ser uma demonstração de que a cultura resiste e se desenvolve, mesmo nos momento mais difíceis.
Ao longo de seis edições em onze anos desde a sua criação, o FESTMAR consagrou alguns momentos marcantes que vão do trágico ao cômico. E nem poderia ser diferente, pois a origem do teatro é exatamente o viés tragicômico que vem das festas do deus Dionísio na Grécia clássica.
Mas o resultado final dessa nossa iniciativa foi sempre muito importante para a consolidação do movimento teatral do Aracati. De graça em graça, entre uma topada e outra, sempre aparecem novos talentos, apresentações de bom nível e, assim, o público aracatiense vai ganhando mais gosto pelas artes cênicas e o FESTMAR vai cumprindo o seu papel de ser uma trincheira da resistência cultural.
Em 1999, o grupo Cenas do Diretor Lázaro Silva, brindou a todos com a figura polêmica do padre Cícero em o Padre e o Podre, em 2000 foi a vez do Grupo Cervantes do Brasil mostrar as trapalhadas de Pedro Malazarte, em 2001 Marcio Leandro fez a plateia delirar com o Santo e a Porca de Ariano Suassuna, em 2003 o destaque foi o diretor Arnaldo Lima e o seu grupo Raios de Sol.
Em 2009, última e maior das edições do FESTMAR, o Grupo Dias da diretora Silvanice Ponciano emocionou a todos com o Tempo e o Vento de Marciano Ponciano, o Frente Jovem na direção de Xico Izidório fez todo mundo rir com o Fim de Billy The Kid, Gilberto Kalungueiro botou o maior boneco em plena Praça do Marista, o grupo Cenas sacudiu a plateia com Tião e Tieta, a Cia Fasonhos de Márcio Leandro trouxe a alegria das crianças para o palco, a CIA Os cutubas de Fortaleza mostrou o casamento da lagartixa para todos “os bichos e bichas” e fechando com chave de ouro, o ponto de cultura Canoa Criança, sob a direção de Erivando Braga maravilhou a todos com seu espetáculo circense.
Em 2010, acontecerá o VI FESTMAR, de 21 a 24 de julho, nas ruas e monumentos do patrimônio histórico nacional de Aracati. A organização tendo frente Teobaldo Silva e Xico Izidório espera contar com a participação de 15 grupos teatrais de todo o Ceará e cerca de 150 atores e atrizes inscritos. O evento é uma promoção do Projeto Aracupira – Ponto de Cultura do Aracati, conta com o patrocínio do Banco do Nordeste e da Ceará Diesel, além do apoio cultural da Canoa FM.
E a topada de Luizim no I FESTMAR, sabe de quem foi a culpa? Diz ele que foi de Xiko Izzidorum que teria colocado um pau na passagem dele de propósito... Na frente do público Luizim se comportou bem, mas quando voltou aos bastidores partiu pra cima de Izzidorum feito um touro brabo, no que foi contido pelos amigos. E ele dizia assim: me solta aí Tinoco, que eu vou acabar com a raça dele... vou desmontar ele peça por peça e o maior pedaço dele não vai caber numa caixa de fósforo. Na verdade era só “alô”, mais os dois até hoje olham um para o outro assim meio atravessado. No fundo, são duas pessoas boas, dois batalhadores voluntários da cultura, cujos nomes estão registrados na história do FESTMAR e do teatro aracatiense. ...Se alguem não acreditou no que eu acabei de contar vá perguntar a Teobaldo!